terça-feira, janeiro 22, 2008

Gritos de alarme...

Os gritos de alarme lançados hoje por ecologistas e não só não serão apenas mais uma estrofe na litania que é a existência da Terra, tão cheia de cassandras e de profetas da desgraça? Estarão estas preocupações fundamentadas em factos devidamente estabelecidos?
Aos que defendem a urgência de uma efectiva preservação da biodiversidade no nosso planeta poder-se-á objectar que a História da Terra está repleta de extinções. A vida está constantemente em mudança. Algumas espécies desaparecem; outras, melhor adaptadas, desenvolvem-se. Porque havemos hoje de recusar a ideia de que as espécies desaparecem? Não será essa uma das leis da natureza?
É certo que o número de espécies tem mudado ao longo do tempo. A Evolução, obrando durante milhares de milhões de anos, faz com surjam constantemente novas espécies enquanto outras desaparecem.
As extinções, ocorridas em períodos geológicos de cataclismos (colisões de meteoritos, vulcanismo à escala planetária), bem como devido a perturbações de várias ordens como as alterações climáticas, são posteriormente “compensadas” com a chegada de novas espécies, mais aptas, alimentando-se deste modo o processo evolutivo.
Desde há aproximadamente dez mil anos, com o surgimento da agricultura e do pastoreio, que o Homem causou inúmeras extinções. A partir da Revolução Industrial o ritmo de perda de biodiversidade sofreu um enorme e cada vez maior crescimento.
Pode estabelecer-se uma relação entre a situação actual e a enorme catástrofe biológica ocorrida há sessenta e cinco milhões de anos. Por essa altura, um meteorito de grandes dimensões entrou em rota de colisão com a Terra e em bateu na região do México. Os efeitos foram aterradores. O impacto provocou a libertação de uma quantidade de energia correspondente a centenas de milhões de bombas atómicas. Pensa-se que esta colisão terá levado à extinção dos grandes répteis, como os dinossauros, assim como mais de 50 % das espécies da Terra. O impacto foi muito breve: poucos segundos para a colisão, inúmeros decénios para as consequências biológicas e climáticas.
Em Geologia chama-se “Era Secundária” ao período de tempo que precede estes fenómenos e “Era Terciária” ao que se lhes seguiu, distinção cronológica que tem origem precisamente na grande diferença entre os fósseis anteriores e posteriores àquela data. Os mamíferos, cuja origem remontava já há mais de uma centena de anos, tiveram a partir daí um desenvolvimento extraordinário, que levou então à aparição dos primeiros primatas, dos hominídeos e posteriormente do Homo Sapiens.
Posto que vivemos actualmente grandes convulsões cujas consequências podem ser comparadas às que provocaram este virar de página na História da Terra, a crise contemporânea é muitas vezes denominada “sexta extinção” devido ao facto de vivermos num período de galopante e muito preocupante taxa de desaparecimento de espécies. A acção do homem é apontada como a grande causa para este desastre. As alterações climáticas são um dos mais graves problemas com que o planeta já se debateu e já foram apelidadas como o maior desafio do século XXI. Nunca a concentração de gases com efeito de estufa foi tão grande e com a mudança climática descontrolada podem surgir verdadeiras catástrofes de várias ordens porque os ecossistemas e as espécies não são capazes de aguentar uma mudança climática rápida
Calcula-se que actualmente a taxa anual de extinções seja, 1000 vezes maior que a anterior à era industrial e que mais de 30 % das espécies possão ter desaparecido em 2050, sem nenhuma garantia de que o fenómeno pare aí.
Assim, a selecção natural ou persistência do mais apto, defendida por Darwin em A Origem das Espécies, representa o processo pelo qual se dá a “conservação das diferenças e das variações individuais favoráveis e à eliminação das variações nocivas”. No entanto, segundo alguns defensores do neodarwinismo, Darwin cometeu um erro ao afirmar que “estas transformações [são] lentas e progressivas”. Pelo contrário, e uma vez que a Evolução se processa por meio da extinção dos indivíduos com características menos favoráveis, então o ritmo de evolução é fruto do acaso e não gradual, dependendo apenas das adaptações dos seres vivos relativamente ao meio em que habitam. Deste modo, as alterações climáticas poderão ser consideradas, actualmente, o principal agente no mecanismo da Evolução.

Joana Magalhães da Silva, 11º 1A

Bibliografia:
REEVES, Hubert; LENOIR, Frédéric . A Agonia da Terra . Gradiva Publicações . 2006

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