A utilização de Daphnia magna como modelo biológico no estudo da influência de certas drogas de uso comum no ritmo cardíaco Emma Rodrigues, Leonor Pais, Mariana Martinho Curso de Ciências e Tecnologia. Departamento de Biologia, Colégio Valsassina Resumo
“Beber café estimula…”, “beber uma bebida alcoólica estimula-nos…”, “vou fumar um cigarro para me acalmar…”. Estas são algumas expressões e ideias partilhadas por muitas pessoas. Cafeína, nicotina e álcool são substâncias de uso comum e, por isso, drogas que podem ser consideradas socialmente aceites. Contudo, o seu consumo afecta vários órgãos e sistemas do organismo humano, bem como, de uma forma geral, provocam dependência e tolerância. De acordo com a revisão de bibliografia, formulámos a hipótese inicial: a nicotina e a cafeína actual como estimulantes, enquanto o álcool como depressor. Daphnia magna é um microcrustáceo aquático que devido à sua carapaça transparente, permite a visualização de todos os seus órgãos internos, incluindo o coração. Além disso, é de destacar ainda a sua sensibilidade em relação às condições externas, incluindo as soluções que vão ser estudadas e as respostas que apresentam a essas mesmas soluções. A modelação biológica ajuda-nos assim a observar, em tempo real, o modo como certas drogas, consumidas pelo ser humano no dia-a-dia, actuam num organismo vivo. Uma vez que o modelo biológico utilizado evidencia respostas fisiológicas básicas muito semelhantes às do ser humano, estes dados podem fornecer indicadores para a nossa espécie. Pretendemos estudar o comportamento destes organismos quando sujeitos à acção de certas drogas que podem ter uma influência no batimento cardíaco, de modo a que seja possível predizer quais os seus efeitos a um nível organizacional mais elevado, designadamente na espécie humana. A investigação realizada baseia-se na observação e contagem do número de batimentos cardíacos em Daphnia magna aquando da adição de certas drogas (nicotina, álcool e cafeína) por comparação com a substância de controlo (água). Os dados recolhidos foram submetidos a um tratamento estatístico tendo em vista a sua interpretação. Os resultados obtidos nesta actividade levam-nos a considerar que a cafeína e a nicotina são substâncias estimulantes, enquanto o álcool é uma substância depressora, pelo que deste modo podemos considerar que a hipótese inicial foi verificada. Entendemos assim que este estudo contribui para quebrar alguns mitos associados aos efeitos que estas provocam. Além disso, a realização de investigações como a que apresentamos neste trabalho permite-nos compreender melhor os sistemas biológicos e desenvolver competências de investigação. O consumo excessivo destas drogas pode provocar outro tipo de consequências, que não foram alvo de estudo no nosso trabalho e que deverão ser alvo de um futuro estudo.